Lula escala Wellington Dias para negociar Orçamento de 2023 com Congresso
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escalou o ex-governador e senador eleito Wellington Dias (PT-PI) para atuar nas negociações em torno das mudanças na proposta de Orçamento para 2023.
A tarefa é considerada estratégica e ao mesmo tempo sensível. Em um cenário ideal, o novo governo terá cerca de dois meses para articular as alterações necessárias. A proposta atualmente em tramitação é definida por integrantes da campanha como uma peça de ficção diante da profusão de cortes em políticas sociais.
W. Dias, senador eleito pelo Piauí
Uma primeira reunião com o relator-geral do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI), e outras lideranças do Congresso está programada para a próxima quinta-feira (3), em Brasília.
A preocupação mais imediata do time de Lula é assegurar a manutenção do pagamento do valor mínimo de R$ 600 às famílias beneficiárias do programa Auxílio Brasil. O projeto enviado no fim de agosto garante um valor médio de apenas R$ 405,21.
Integrantes da campanha calculam a necessidade de cerca de R$ 50 bilhões adicionais no Orçamento para garantir a continuidade dos pagamentos. Sob as regras atuais, não há espaço no teto de gastos -limite previsto na Constituição que impede o crescimento das despesas em ritmo acima da inflação.
A equipe também quer garantir recursos para dar aumento real ao salário mínimo, zerar as filas do SUS (Sistema Único de Saúde), recompor programas como o Farmácia Popular, assegurar o funcionamento dos centros que fazem o cadastro da população para programas sociais e retomar obras estruturantes.
A função de Dias será atuar na interlocução com o Congresso para promover as adequações no Orçamento, com base na proposta de governo que saiu vitoriosa das urnas.
O senador eleito é do mesmo estado de Marcelo Castro, proximidade que tende a facilitar o diálogo. Antes mesmo da conclusão das eleições, os dois já vinham mantendo conversas diante da urgência do tema.
A escalação de Dias para uma das tarefas mais prioritárias da equipe de Lula durante a transição ocorre no momento em que ele emerge como um dos cotados para assumir o Ministério da Fazenda a partir do ano que vem.
O ex-governador também entregou bons resultados para o petista em seu reduto eleitoral. Entre os dez municípios que deram a Lula as maiores votações do Brasil, em termos proporcionais, oito estão no Piauí.
O presidente eleito já deixou claro que prefere um nome político para chefiar a equipe econômica. Outro nome forte é o do deputado federal e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP). Também são citados o governador da Bahia, Rui Costa (PT), e o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.
A decisão de designar Dias para cuidar das questões mais imediatas do Orçamento foi tomada hoje por Lula e seu vice, Geraldo Alckmin, em reunião com a presença da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e outros membros da coordenação da campanha.
Além do tema orçamentário, a equipe do petista deve abrir outra frente de atuação para avançar na transição governamental. Gleisi deve buscar agendas para os próximos dias reuniões com representantes dos partidos que formam a aliança que elegeu Lula e também com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
A presidente do PT também deve buscar canal de diálogo com o Judiciário e com o governo de Jair Bolsonaro (PL) para dar início formal à transição, seguindo os trâmites legais.
Fonte: IDIANA TOMAZELLI (FOLHAPRESS) BRASÍLIA, DF