Governador destaca potencialidades do Piauí na Folha de São Paulo; confira
O governador Rafael Fonteles (PT) foi destaque na Folha de S. Paulo desta quarta-feira (12) garantindo que “Portugal é para o Brasil uma porta para a Europa”.
A entrevista com o colunista José Manuel Diogo, o governador falou à coluna sobre sua visita à Estônia e a Portugal. José Manuel é diretor da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira e é fundador da Associação Portugal Brasil 200 anos.
Veja trechos da entrevista:
O que o Piauí tem para oferecer aos investidores europeus?
Tínhamos claro quais eram nossas metas. Primeiro a transformação digital, fazendo do Piauí um exemplo nacional e internacional de governo digital e fomento a negócios digitais. Depois, transição energética. Nosso estado já é referência na energia solar e eólica. O Piauí tem 70% do território preservado e 13% vinculado a unidades de conservação federais e estaduais. Somos o segundo maior produtor de energia solar e o terceiro de energia eólica no Brasil. E agora que a Europa discute fortemente o hidrogênio verde como combustível do futuro, nós temos o que é preciso. Água em abundância, além de sol e vento, e também todo um ambiente institucional favorável. Correndo atrás do prejuízo histórico, vamos ter um porto marítimo até ao final deste ano.
Terceiro e quarto… Agronegócio e agricultura familiar, para a qual o nosso estado tem uma vocação e lugar muito especial em nossa plataforma de governo; e, por fim, o turismo. Esse é um grande problema do Brasil. A ilha Maiorca, na Espanha, com apenas 1 milhão de habitantes, recebe 18 milhões de turistas em quatro meses. A Torre Eiffel, em Paris, sozinha recebe mais turistas que os seis milhões que todo o Brasil recebe anualmente. O turismo é um gerador de divisas, de emprego, de oportunidades de negócio, até mais do que outros setores que geram mais PIB, mas não geram tanto emprego.
Por que escolheu Estônia e Portugal?
A Estônia é referência internacional em governo digital. Eles realmente conseguiram incrementar uma plataforma de cima para baixo. É verdade que em um país pequeno é mais fácil fazê-lo, mas é impressionante o nível de integração de todos os órgãos num portal único, respeitando os processos de desenvolvimento nesse sistema de cada órgão. Saúde, educação, segurança, assistência social se comunicam no portal único ao cidadão e consegue acessar 99% dos serviços públicos. Isso foi o que nós fomos procurar lá.
Em Portugal o grande objetivo é transição energética, economia verde, energia limpa e hidrogênio verde. Viemos fazer parcerias com empresas e universidades. Celebramos termos de cooperação com a Universidade de Lisboa, Universidade Nova, Universidade de Évora e Universidade do Algarve. O estado do Piauí tem quatro universidades, e queremos, dentro da plataforma europeia, candidatar-nos a ser o primeiro vale do hidrogênio verde brasileiro.
Uma empresa de brasileiros quando é constituída em Portugal fica logo habilitada aos fundos europeus. E nem sempre se fala sobre isso. O que podia ser feito para melhorar a comunicação entre Portugal e Brasil?
É absolutamente natural que a internacionalização europeia da economia brasileira e piauiense comece em Portugal. Temos relações históricas, falamos a mesma língua, e Portugal, além de acessar todo o mercado europeu, está vivendo um boom na área econômica, no turismo e na questão digital. A maior feira de eventos digitais [Web Summit], referência para o mundo, é em Portugal, até para a América do Norte. É absolutamente natural que a gente procure Portugal para ser essa essa nova porta de entrada.
Isso dá força à sua aposta de internacionalização?
Temos que fortalecer as relações bilaterais, entre a academia e os empresários e com uma presença cada vez maior das lideranças políticas. O formato é cada estado procurar relações específicas com países e regiões. É nesse sentido que abrimos um escritório do Piauí em Portugal, que vai ter uma executiva em permanência e tornar tangível o Piauí para a Europa. Somos um estado entre vários outros com produtos e identidade própria. Somos o maior exportador de mel do Brasil. Buscaremos levar o mel certificado do Piauí para os restaurantes europeus.
O Brasil viveu recentemente um período conturbado e não se vislumbrou renovação. A renovação garante estabilidade e força às instituições, é importante para investidores que estão preocupados, não só com os próximos quatro, mas com os próximos 20 anos. Há uma renovação política acontecendo?
Vejo essa renovação acontecendo. Realmente há uma grande dependência da liderança de Lula, que foi importante. Ele cumpre um papel histórico. Queremos que ele tenha saúde e sabedoria para conduzir o país, tanto para reconstruir as políticas sociais e ambientais que foram destruídas, mas também para fazer essa transição futura para nova geração que vai administrar o país. Uma coisa é certa; o investidor, ou quem está fora do Brasil, pode ter uma certeza. As instituições brasileiras sobreviveram, e isso é uma prova sólida de que algumas coisas estão realmente bem estruturadas no nosso país.
Da Redação (Com informações da Folha de S.Paulo)
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