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Lula minimiza apoio de Zema a Bolsonaro e diz que ‘povo’ não é ‘gado’

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O ex-presidente e candidato ao Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou o apoio do governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ao presidente Jair Bolsonaro (PL) para o segundo turno a ser disputado entre os dois.

Em entrevista coletiva antes de caminhada realizada pelo petista em Belo Horizonte, capital mineira, Lula afirmou que Zema tem liberdade de apoiar quem ele quiser, mas que o “povo” não é “gado”.

“Primeiro, o governador Zema tem liberdade de apoiar quem ele quiser. Não me oporei, nem pensava que fosse diferente [ele não apoiar Bolsonaro]. A única coisa que ele tem que levar em conta é [se ele] pensar que o povo é gado, que o povo pode ser levado prá lá e pra cá. O povo tem consciência”, disse.

Lula também prometeu terminar o Hospital Geral de Divinópolis, ressaltando os feitos dos governos petistas. “Se Zema fizer mais de 10% do que fizemos aqui em Minas, ele terá remorso. Ele precisa ver quantas casas populares foram feitas aqui em Minas até 2016”, afirmou o ex-presidente.

O governador mineiro anunciou, na última terça-feira (4), o apoio à reeleição de Bolsonaro. O mandatário afirmou que a ajuda é “essencial” e “decisiva” para vencer as eleições.

O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), anunciou ao lado de Lula apoio à reeleição do ex-presidente no segundo turno. Noman, que assumiu a prefeitura com a saída de Kalil para disputar o governo do estado, não vinha se posicionando ao longo da campanha de primeiro turno, nem mesmo a relação a seu antecessor.

O apoio do prefeito a Lula foi justificado com a necessidade de investimentos da União na cidade. “Temos que construir casas populares e não há dinheiro do governo federal”, reclamou, afirmando que com Lula esses recursos serão repassados.

Zema, por sua vez, disse que tem divergências com o Bolsonaro, mas que neste segundo turno das eleições é importante deixar as diferenças de lado para evitar uma vitória do ex-presidente petista.

Na entrevista, Lula também disse que não ganhou no primeiro turno porque uma parcela da população não quis, e relembrou os pleitos de 2002 e 2006, dizendo que nunca venceu uma eleição na primeira etapa. Ademais, reiterou que aceitará o resultado das eleições independentemente de qual for.

“Agora, os votos estão definidos. Quem é Cruzeiro, é Cruzeiro, e quem é Atlético, é Atlético. Agora não tem choro nem vela, quem tiver mais voto ganha. Gostaria de ter convencido mais gente a votar em mim, mas o resultado será acatado. Por mim não tenham dúvida. Quem ganhar, e espero que seja eu, tenha direito de sorrir, e quem perder, tenha direito de chorar.”

Lula também falou de sua agenda e disse que pretende evitar “mordidas” de Bolsonaro. “Vou ter dois debates com o genocida. Vou colocar muito repelente no corpo com medo de uma mordida. Ele disse numa entrevista pro New York Times que ele teria coragem de comer carne de índio. Se ele pensar em dar uma mordida num pernambucano, ele vai morrer envenenado”, disse.

O petista também reagiu à decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que obrigou a retirada de conteúdos que envolvem Bolsonaro a práticas canibalistas, com base em entrevista dada pelo então deputado ao jornal americano The New York Times em 2016.

“Justiça pediu para tirar coisa nossa que não é fake news. É o presidente falando em entrevista. Ele pensa assim. Se puder, ele come índio”, declarou.
Semanas antes do primeiro encontro do eleitor com as urnas, Zema disse ter recusado proposta de aliança com Bolsonaro, mas questionado sobre um possível apoio no segundo turno, afirmou que “apoiar o PT te adianto que não apoiarei”.

Porém, Zema também declarou achar natural um voto combinado entre ele e Lula, chamado de “Luzema”. “O eleitor é pragmático. Ele vota onde percebe que há melhores perspectivas e tivemos no passado uma coincidência durante o governo do presidente Lula de uma série de fatores no mundo”, disse.

O cantor Chico Buarque, que faz série de shows em Minas, participou de comício de Lula, ao final da passeata, na Praça Tiradentes. “Dar um abraço no nosso presidente Lula, demostrar minha profunda gratidão a ele, que vai nos tirar desse buraco”, disse.

O artista citou trechos de suas músicas em seu discurso. “Estou há alguns dias em Minas e estou sendo contagiado por esse entusiasmo do mineiro. E [tenho] revigorado a minha confiança de que esse governo que tá aí vai passar. Vai passar e logo logo”. “E o que eu disse, há coisa de 50 anos, amanhã, vai ser outro dia”, declarou, do alto de um caminhão que reuniu Lula e políticos locais.

Folhapress

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