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Mudanças climáticas podem provocar perda de 99% de espécies da Caatinga

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Pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp), Federal da Paraíba (UFPB), Federal de Pernambuco (UFPE) e Federal de Viçosa (UFV), juntamente com o Instituto Federal Goiano (IFGoiano), conduziram um estudo que revelou possíveis consequências das mudanças climáticas para a Caatinga no futuro. De acordo com a pesquisa, o bioma poderá se tornar mais árido, resultando na perda de espécies, substituição de plantas raras por outras mais comuns e homogeneização de 40% da paisagem.

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores compilaram um banco de dados inédito, reunindo informações de coleções científicas, herbários e literatura. Esse banco de dados continha mais de 400 mil registros de ocorrência de aproximadamente 3 mil espécies de plantas do bioma. Além disso, foram consideradas informações geográficas, características de crescimento das plantas, clima e solo para realizar projeções usando inteligência artificial.

O autor do estudo, Mario Ribeiro de Moura, pesquisador da Unicamp, explicou que as previsões foram baseadas no último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas de 2021, que apresenta simulações sobre o clima global. Ele ressaltou que foram considerados dois cenários no estudo: um otimista e outro pessimista sobre as previsões.

No cenário otimista, acredita-se que tecnologias capazes de reduzir as emissões de gases de efeito estufa surgirão, viabilizando o cumprimento das metas do Acordo de Paris, que busca limitar o aumento da temperatura média global em até 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. Já no cenário pessimista, prevê-se que as taxas de desmatamento, o uso de combustíveis fósseis e o crescimento populacional permanecerão elevados, sem avanços significativos em termos de inovação.

“Não sabemos como a humanidade vai se comportar daqui para frente, por isso, consideramos dois cenários: no otimista, surgirão tecnologias capazes de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e viabilizar o Acordo de Paris, que prevê limitar o aumento da temperatura média global até 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. No cenário pessimista, as taxas de desmatamento, o uso de combustíveis fósseis e o crescimento populacional se vão se manter elevados, sem que se avance em inovação”, disse o pesquisador.

De acordo com a pesquisa, 99% das comunidades de plantas da Caatinga sofrerão perdas de espécies até 2060. O clima tende a se tornar mais quente e seco, o que representará um desafio significativo para as árvores. Isso resultará na substituição das árvores por vegetação de porte baixo, o que afetará a capacidade do ecossistema em relação à fotossíntese, renovação do ar e armazenamento de carbono. As áreas mais impactadas serão a Chapada Diamantina e a Chapada do Araripe, regiões montanhosas do sul e centro-norte do bioma.

O estudo ressalta a importância de tais dados para que o governo possa avaliar projetos de conservação em larga escala, com uma perspectiva de longo prazo, a fim de mitigar os efeitos das mudanças climáticas, bem como abordar outros impactos humanos, como desmatamento, destruição de habitats e degradação e exposição do solo. A pesquisa foi publicada no Journal of Ecology e recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Fonte: Meio Norte

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