ONG recebe 348 denúncias de xenofobia após 1º turno da eleição
A central da organização não-governamental de proteção dos Direitos Humanos Safernet Brasil recebeu cerca de 14 denúncias de xenofobia por hora na segunda-feira, 3. Ao todo, foram 348 registros no dia após o primeiro turno das eleições. O número quase supera o total de reclamações registrado nos primeiros seis meses do ano passado (358). No domingo, 2, foram registradas 10 denúncias.
Uma onda de ataques a nordestinos nas redes sociais se estabeleceu conforme a apuração dos votos mostrou o favoritismo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos nove Estados que compõem a região. As mensagens partiam principalmente de perfis anônimos, mas que se identificam como apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), e reduziam o Nordeste a uma imagem de pobreza e subdesenvolvimento
Ao Estadão, o historiador e autor do livro “A Invenção do Nordeste”, Durval Muniz de Albuquerque Júnior destacou que essa onda de ataques não é novidade do pleito deste ano. “Esses ataques violentos aos nordestinos que partem principalmente de pessoas que moram no sul do País, em São Paulo e no Centro-Oeste, têm sido recorrentes em todas as eleições”, falou, em entrevista por telefone.
Conforme a Safernet, indicadores de sua central de denúncias de crimes cibernéticos indicam que “as eleições são como um gatilho para o avanço do discurso de ódio”. A central recebe denúncias de dez tipos de crimes contra os Direitos Humanos, como racismo e LGBTfobia.
Em relação a 2017, 2018 apresentou um crescimento de 595,5% nas denúncias de xenofobia pela internet. De 2019 para 2020, o aumento foi de 111,20%.
Comparando o primeiro semestre deste ano com o de 2021, a organização já havia observado aumento de 520,6% nas denúncias de xenofobia. Na primeira metade do ano passado, foram 358 registros; em 2022, 2.222 – uma média de aproximadamente 370 denúncias por mês.
Em nota, a Safernet adverte que “incitar discriminação a nordestinos ou a pessoas procedentes de qualquer outra região do país (ou estrangeiros) é crime”. Segundo a ONG, quando ocorre nas redes sociais, a pena, que é de reclusão de 1 a 3 anos, mais multa, passa para reclusão de 2 a 5 anos, além da multa. Denúncias podem ser feitas à ONG pelo link.
Fonte: Estadão Conteúdo