Sem combustível, Correios do Piauí faz rodízio de carros para não atrasar entregas
Os aumentos sucessíveis no preço da gasolina estão trazendo consequências para a distribuição e entregas de encomendas no Piauí. É que com o valor do combustível mais alto, a quantia destinada mensalmente pelos Correios para abastecer os veículos de entrega não tem sido mais suficiente para manter a frota funcionando o mês inteiro. Sem carros, motos e caminhões para levar e trazer encomendas, os trabalhadores estão tendo que fazer rodízio de veículos para evitar atrasos nas entregas.
A denúncia é do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos no Piauí, o SINTECT. A entidade explica que cada motorista recebe um cartão corporativo destinado especificamente para abastecer os veículos que dirigem. Esses cartões têm um limite mensal de uso de até R$ 1.500,00. Só que nos últimos meses, este valor tem sido insuficiente para manter todos os veículos da frota do estado abastecidos durante todo o mês.
Por volta do dia 20 de cada mês, já há veículos parando porque estão sem combustível e, com isso, os trabalhadores precisam revezar carros, motos e caminhões entre as centrais de entrega, o que inevitavelmente acabam atrasando o transporte de encomendas. Quem explica a situação é o presidente do SINTECT, Edilson Santos.
“QUANDO CHEGA NO DIA 20 OU LÁ PARA O DIA 25, ESSE LIMITE DE ABASTECIMENTOS DOS CARTÕES CESSA E QUANDO ISSO ACONTECE, TEM QUE PEDIR REPOSIÇÃO. MAS POR CONTA DA BUROCRACIA DA PRÓPRIA EMPRESA, FICA COM FALTA DE COMBUSTÍVEL E OS TRABALHADORES FICAM SEM TER AQUELA VIABILIDADE DE ENTREGAR DE ENCOMENDA. ENTÃO TEM QUE PEGAR OUTRO VEÍCULO QUE NÃO TENHA SIDO USADO OU O GESTOR TEM QUE SOLICITAR UMA REPOSIÇÃO EXTRA DE COMBUSTÍVEL PARA VER SE CHEGA AO FINAL DO MÊS”, DIZ EDILSON.
O SINTECT não informou em números exatos quantos veículos compõem a frota dos Correios no Piauí, mas explicou que essa quantidade varia conforme a época do ano e a capacidade de atendimento dos centros de distribuição de cada zona. No final do ano, por exemplo, quando há um fluxo maior de encomendas, a frota aumenta. O Centro de Entregas de Encomendas do Monte Castelo, que é a Central do Correios de Teresina, tem em torno de 20 veículos. Os Centros de Distribuição (CDD) das zonas Norte, Sudeste e Sul também têm uma frota específica.
Quando algum veículo para por falta de combustível, o representante do SINTECT disse que é comum que um centro de determinada zona ceda um carro ou moto de sua frota para outro de outra zona. “Os atrasos são esporádicos, mas acontecem e a situação pode se agravar. Digamos que tenha uma viatura que tinha que sair hoje. Sem combustível, ela já não sai, só sai o de amanhã. Ou então o de amanhã é colocado também para outra área que estava sem carro no dia anterior. Por conta desse rodízio, não tem constância na entrega. Se um dia tem entrega, no outro não tem”, explica Edilson Santos.
A situação, segundo ele, não se restringe só a Teresina. Outras cidades piauienses que possuem centros de distribuição como Piripiri, Parnaíba, Picos e Floriano, também passam por problema semelhante. “Estamos denunciando para que tragam soluções para que essas encomendas não atrasem. Isso não é culpa do trabalhador. Não podemos concordar com isso porque esses atrasos prejudicam muito. Além da questão da nossa produtividade, prejudica também o usuário que precisa de suas encomendas”, finaliza o representante do SINTECT.
O outro lado
A reportagem do Portalodia.com entrou em contato com a Superintendência Regional dos Correios do Piauí para se pronunciar sobre as denúncias. A reportagem aguarda retorno da empresa. O espaço segue aberto para futuros esclarecimentos.